O conteúdo deste artigo também está disponível em vídeo.
Meu filho nasceu há poucos dias, e eu estou muito feliz, minha vontade é ficar com ele o dia inteiro, mas eu tive que viajar, pois tenho muitos compromissos… E agora preciso ser mais responsável, afinal, tenho um filho para criar.
Ouvi pela primeira vez a voz do meu filho. Pena que foi por telefone. Sempre que retorno de viagem, percebo que ele cresce muito rápido. Como o tempo voa!
Certo dia, quando liguei para casa, ele disse algo que aumentou muito minha responsabilidade:
– Papai, algum dia eu vou ser como você!
Percebo que sou um bom exemplo para meu filho. Principalmente com minha responsabilidade como provedor do lar.
Gostaria de poder conhecê-lo mais, ouvir sobre seus sonhos, responder todas as suas dúvidas sobre a vida, mas não tenho tempo.
Outro dia, meu telefone tocou, era meu filho:
– Quando você vem para casa, pai? Estou com saudades!
– Eu não sei filho, mas quando eu voltar vamos brincar juntos, você vai ver.
Agora meu filho tem nove anos, dei a ele uma bicicleta, uma linda bola de futebol e um carrinho de controle remoto:
– Papai, você quer brincar comigo?
– Não filho, hoje tenho muito o que fazer.
– Ok papai, outro dia podemos brincar?
– Sim filho, outro dia. Agora vá brincar sozinho…
E assim o tempo passou, ele foi crescendo e eu, como sempre, ocupado, observando seu crescimento de longe. Eu tinha minhas razões. Precisava pagar as despesas da casa, do carro e da escola. Eu sempre fui muito responsável.
Os anos se passaram e meu filho um dia se formou. Como o tempo passou rápido! Era agora um homem feito. “Dever cumprido”, falei para minha esposa.
– “Filho, tenho orgulho de você, sente-se e vamos conversar um pouco”.
– Não meu pai, hoje eu tenho compromissos. Aliás, pode me emprestar o carro para eu visitar minha namorada?
Muitos anos se passaram e hoje me encontro aposentado e não vejo meu filho com frequência. Estou com saudades, acho que vou ligar para ele…
– Olá filho, quero te ver!
– Eu adoraria pai, mas não tenho tempo… Você sabe, meu trabalho, meus estudos, minhas viagens, etc. Mas obrigado por ligar, foi incrível ouvir sua voz!
Quando desliguei o telefone, percebi finalmente que meu filho se tornou como eu. Um homem sem tempo para as pessoas mais importantes de sua vida. Foi isso que eu o ensinei, durante toda minha vida.
Quantas vezes meu filho e eu teríamos amado brincar juntos, nadar, correr, jogar futebol, curtido a família, nos conhecer mais? Mas eu nunca tive tempo para isso.
Agora que estou sozinho, viúvo, aposentado, gostaria de poder conhecer mais meu filho e não posso.
Mas não lhe digo nada, com que cara posso lhe dizer que sinto sua falta? Que me sinto solitário? Que não preciso de nada mais que sua companhia? Que seria incrível poder conhecer mais sobre quem ele é e quem gostaria de ser?
Infelizmente, são perguntas que eu deveria ter feito quando ele desejava conhecer mais aquele a quem ele se espelhava.
Eu só gostaria de lhe dizer uma coisa:
“Por favor, meu filho, não seja como eu!”
Clailton Luiz.
Veja também a versão em vídeo deste artigo:
Conheça o projeto que está revolucionando a relação entre pais e filhos.