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Parte 2 – Os primeiros negócios

Assista aqui a 2ª parte do documentário.   

Leia AQUI, a 1ª parte desse artigo.

Em 1920, aos 19 anos, Walt Disney monta sua primeira empresa de produção de desenhos, com seu amigo Ub, a Iwerks-Disney. O negócio começou bem, e Disney descobriu-se um vendedor nato. Em pouco tempo, conseguiu vários clientes, vendendo os desenhos dos personagens que desenhava desde sua infância.

O PRIMEIRO NEGÓCIO

Disney, era um bom empreendedor, inovador, criativo e também um bom vendedor. Mas era um péssimo administrador.

A empresa não teve sucesso duradouro e foi fechada um mês depois, acabando momentaneamente com o sonho dos dois animadores.

Depois disso, os dois conseguiram empregos na Kansas City Film Ad Company, fazendo animações de um minuto para aparecer antes de filmes nos cinemas.

O SEGUNDO NEGÓCIO

Disney aprendeu muito sobre animação nesse trabalho e mais uma vez, sua personalidade empreendedora despertava nele coragem e confiança para começar seu próprio negócio mais uma vez.

Ele deixou a Kansas City Film em maio de 1922 para iniciar a Laugh-O-Gram Films.

Juntando suas economias, ele e Ub, montaram seu estúdio no edifício McConahay – o primeiro estúdio de cinema comercial de Walt Disney, que ocupou um espaço de cinco salas de estúdios no segundo andar.

Walt Disney vivia um momento de muito entusiasmo.

Confiante com seu negócio, Disney colocou um anúncio no jornal chamando um vendedor e artistas que quisessem aprender animação para vir trabalhar com ele.

Ao mesmo tempo, sua equipe de vendas conseguiu um bom contrato para a produção de seis animações de curta metragem.

O dinheiro desse contrato daria uma segurança financeira suficiente para alguns meses, e tudo estava indo muito bem.

Mas, após terminarem o serviço, a distribuidora não lhes pagou o acertado e entraram em crise financeira. Walt não tinha dinheiro para pagar os funcionários, o aluguel e as demais despesas.

Disney precisava ganhar dinheiro rápido para não falir mais uma vez.

Obrigados a economizar, tiveram que sair do endereço atual, reduzir despesas e com isso foram para uma pequena sala. Um dos problemas é que dentro do escritório não havia banheiro, e para eles fazerem suas necessidades, tinham que atravessar a rua e ir até uma estação de trem que ficava ali próximo.

Mas não esqueçamos, Disney era um empreendedor em tempo integral, e empreendedores são muito criativos e inovadores, mesmo em tempos de crise.

Fazendo uso de uma nova tecnologia visual, ele teve a ideia de misturar a imagem de uma menina real com animação. “Alice Comedies” vai ser um grande sucesso, afirmava ele.

Alice Comedies era uma série que apresentava uma menina real que interagia com personagens animados, na companhia de Julius, o Gato.

Era uma proposta inédita neste ponto da história do cinema: mostrar uma menina real em um mundo animado era algo incrível. Disney mais entusiasmado do que nunca, sabia que poderia revolucionar o mundo da animação, e acreditava que faltava pouco para isso.

Então Walt, com muito custo, conseguiu juntar os poucos recursos que dispunha para terminar a produção.

Para isso teve que deixar de pagar algumas contas. Dormia no escritório, tomava banho na estação, comia feijão enlatado e também recebia ajuda de um restaurante grego próximo de seu estúdio.

Disney sobreviveu no mercado com sua segunda empresa por um ano e meio. Ele tinha boas ideias, mas apesar de ser um grande empreendedor, faltava a ele, alguém para cuidar do dinheiro.

Depois de completar o filme inovador de Alice, no verão de 1923, já era tarde. Já não havia nenhuma empresa interessada na proposta inovadora. O estúdio faliu e Disney mais uma vez, foi forçado a fechar sua empresa.

Eventualmente, os credores começaram a rondá-lo intimidando-o e à sua equipe desmantelada, porque não estavam sendo pagos.

Depois de declarar falência, Disney deixou Kansas City em julho de 1923 para tentar a sorte em Hollywood, embora Nova York fosse na época o centro de produção de desenhos animados.

Essa decisão parecia um indício de que Disney estava se cansando das derrotas no mundo da animação.

Depois de arrecadar dinheiro trabalhando como fotógrafo freelancer, Disney comprou uma passagem de trem para Los Angeles, Califórnia, para morar com seu tio Robert e seu irmão Roy.

Lá pretendia tornar-se diretor de filmes cômicos, inspirados por seu ídolo, Charles Chaplin.

O TERCEIRO NEGÓCIO

Walt chegou em Los Angeles determinado a trabalhar como diretor.

Nas suas andanças pelos estúdios de Hollywood, tentou desesperadamente encontrar seu ídolo, mas não teve sucesso. Precisava urgentemente arrumar um emprego, pois não podia morar com seu tio, estando desempregado.

Enquanto procurava emprego em Hollywood, Disney continuou a enviar propostas para a série Alice, na esperança de obter um acordo de distribuição, e enquanto isso, seu irmão Roy trabalhava vendendo aspiradores de pó de porta em porta.

Roy chegou aconselhá-lo a desistir da ideia do cinema e arrumar um trabalho que lhe pagasse alguma coisa.

Enquanto Walt ainda procurava uma chance em Hollywood, uma distribuidora de desenhos animados de New York, a Winkler Pictures, dirigida por Margaret Winkler e seu noivo, Charles Mintz, o procurou interessada em seu trabalho.

Era a oportunidade que Disney precisava.

Um contrato foi assinado para 12 curtas metragens de Alice Comedies, por US$1.500,00 por episódio.

Por causa de um recente desentendimento com Pat Sullivan, produtor dos primeiros desenhos animados do Gato Félix, o estúdio precisava de um substituto rápido para sua estrela principal.

Aprendendo com os erros do passado e sabendo que precisa de alguém para cuidar do dinheiro, em 1924, Walt foi até Roy e o convidou para tornar-se o gerente do novo estúdio.

Conseguiram algum dinheiro emprestado e iniciaram o negócio nos fundos de uma imobiliária. Era o início da “Disney Brothers Studios”.

Roy, além de ser o financeiro, operava uma câmera de segunda mão emprestada, duas meninas foram contratadas para pintar os celuloides, enquanto Disney monitorava os desenhos e criava novas ideias.

Ub Iwerks e Hamilton se juntaram à equipe como animadores.

Eles eram melhores desenhistas que Walt, pois nunca escondeu o desejo de trabalhar com os melhores. Principalmente se fossem melhores que ele.

Essa é uma importante característica de um empreendedor.

Assim que os novos desenhistas chegaram, começaram a remodelar Alice.

Com o aumento da demanda de trabalho, Walt recrutou outros membros de sua antiga equipe no Missouri, além de alguns moradores da região, entre eles, uma jovem chamada Lillian Bounds, com quem acabaria se casando no mesmo ano.

Walt Disney vivia agora sua melhor fase como empreendedor.

Os irmãos Disney começavam finalmente a desfrutar do sucesso da nova fase. Roy comprou um sedan novo e Walt um conversível esportivo. Compraram dois terrenos um ao lado do outro e construíram suas casas.

Em 1926, a equipe de Walt batia recordes concluindo um curta metragem a cada 15 dias. Com a alta demanda, precisavam de um estúdio maior, então os irmãos Disney mudaram seu estúdio para a Hyperion Avenue.

Apesar da agenda lotada por causa da alta demanda de trabalho, Disney conseguia encontrar tempo para pensar estrategicamente sobre o futuro de seu negócio.

Certo dia, depois de um desses períodos de trabalho estratégico, aconteceu algo surpreendente, então Walt vai até Roy e diz: – “Tomei uma decisão, e daqui para a frente a empresa se chamará ‘Walt Disney Studios’, não mais, Disney Brothers Studios”.

Walt Disney acreditava que sua visão de empreendedorismo e criatividade era o coração da empresa, e era isso que eles vendiam.

E como um bom empreendedor, Walt, também encontrava tempo para estudar a concorrência.

Ao final de 1926, Walt estava obcecado pelos seus concorrentes na indústria dos cartoons, pois percebia que seus desenhos sobre Alice, já estavam perdendo público.

Passava a maior parte do tempo em cinemas avaliando o trabalho dos maiores animadores da época, como os irmãos Fleischer, criadores de Betty Boop, Popeye e Superman, e também Pat Sullivan, criador do Gato Félix.

Walt percebeu que os desenhos dos concorrentes eram crus, violentos, com piadas obscenas e muito urbanos. Eram desenhistas velhos criando animações toscas e cruas.

Dessa forma, Disney, um jovem empreendedor, entra nessa briga, usando sua visão inovadora, para criar personagens atraentes, educados e simpáticos. Estava na hora de inovar mais uma vez.

Em 1927, Walt Disney recebe uma nova proposta; Charles Mintz, que contratou os serviços da série “Alice Comedies”, entrou em negociações com a Universal Pictures para a criação de um novo desenho animado. Porém, animações com gatos não era solução. “Parece que eles (Universal Pictures) achavam que existiam gatos demais no mercado”, justificou Charles Mintz.

Disney então apresentou um simpático coelho como personagem, o qual foi enviado à Universal Pictures. Eles adoraram o novo personagem. Com a proposta aceita, Charles Mintz viria a negociar a produção de 26 episódios de “Oswald, o Coelho Sortudo” (Oswald, The Luck Rabbit).

A popularidade de Oswald motivou a venda de produtos alusivos ao personagem em todo o país. O coelho sortudo viria a ser um dos “personagens de desenhos animados mais populares dos anos ’20”.

O momento não poderia ser melhor. Disney atingia seu melhor momento após o lançamento de Oswald. Em 1927, já se havia inventado o filme sonoro. Poucos anos depois, inventou-se o filme colorido. Disney e seus assistentes utilizaram as novas técnicas com muita imaginação.

O sucesso da série Oswald permitiu que o Walt Disney Studios crescesse para uma equipe de quase vinte funcionários.

Perceba a importância de ter alguém na empresa, cuidando dos números e apresentando previsões orçamentárias.

Com o passar do tempo, apesar da alta demanda de serviços, Roy ficou preocupado com a baixa lucratividade da empresa.

O que era pago por Mintz, por vezes, chegava com atraso, e não era suficiente para pagar as altas despesas da empresa no momento. Era preciso renegociar um contrato com valores mais altos. Walt Disney temia que Mintz não renovasse o contrato com uma proposta mais alta.

Principalmente quando descobriu que ele estava agindo pelas costas, fazendo propostas irrecusáveis a seus animadores.

Mintz procurava expandir o projeto sem consultar Disney.

Em reuniões com vários desenhistas de Disney, o produtor fazia planos sem consultar os irmãos Disney. Na ocasião, Ub Iwerks foi dos poucos que recusaram a proposta de Mintz.

Preocupado, Walt viajou com sua esposa Lillian para Nova York a fim de renegociar seu contrato com Mintz, ou vender a série para outros distribuidores, incluindo Fox e MGM, caso não houvesse acordo com Mintz.

Como Walt mais tarde lembrou, ele colocou dois rolos de filmes de Oswald embaixo do braço e – sentindo-se “como um caipira” – andou ” meio quarteirão ao norte” na Broadway para visitar a MGM.

Disney era um bom vendedor e estava muito esperançoso em renovar um bom contrato com Mintz – ou se não desse certo, negociar seu coelho com outros grandes distribuidores.

As perspectivas eram muito boas. A empresa ainda tinha uma reserva financeira, Disney era bem conhecido no mercado e Oswald era um personagem famoso e desejado por outras empresas. Essa viagem não tinha como dar errado.

E foi nessa viagem, que Disney experimentou o primeiro de muitos contratempos com sua nova empresa.

Ao invés de ceder às exigências de Disney, Mintz exigiu que reduzisse em 20% o orçamento e para o desespero de Disney, lembrou que a Universal era dona do personagem e revelou que já havia contratado a maioria dos atuais funcionários de Disney para um novo contrato sem ele nisso.

Devido à falta de conhecimento (talvez ingenuidade) e por questões jurídicas, Disney perdeu os direitos do Coelho para o produtor Charles Mintz.

Revoltado, Disney recusou qualquer acordo. Mintz também propôs a compra da empresa de Walt Disney, estipulando o pagamento dos devidos direitos de criação. E como já era de se esperar, Walt também recusou.

Disney ficou consternado com a traição de sua equipe, mas não se entregou, e como um empreendedor, estava determinado a reiniciar do zero.

Uma lição que Disney aprendeu com a experiência foi, a partir de então, sempre garantir que possuísse todos os direitos sobre os personagens produzidos por sua empresa.

George Mintz assinava em 1928, um novo contrato de 3 anos com a Universal Pictures, sem o aval do criador.

Mais tarde, por justiça divina ou o que quer que seja, Mintz acabou se dando mal em uma partida de pôquer. Apostou e perdeu os direitos de Oswald para Walter Lantz! Se você não se lembra de Lantz, ele é o responsável por criar o Pica-Pau.

Disney sentindo-se sem chão, e sem poder vender seu personagem famoso para outras empresas, anda cabisbaixo pelas ruas de Nova York, pensando em uma solução para seu problema.

Leia AQUI, a 3ª parte desse artigo.

Assista o documentário completo.

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