Nunca foi tão importante inovar em seu modelo de negócio, principalmente em tempos de pandemia. Isso, se você realmente tiver um modelo organizado de negócio. Mas afinal, como funciona uma empresa com e sem um modelo de negócios? Nesse artigo, você vai Conhecer a ferramenta que está salvando milhares de negócios nessa pandemia.
Olha, a verdade é que muitas empresas sequer possuem um modelo de negócios bem definido, se é que possuem algum. Inclusive, algumas até possuem um plano de negócios, mas muitos desses planos, não passam de um manual gigante, cheio de textos e sem qualquer aplicabilidade.
Por isso, não basta ter um plano de negócios complexo e não ler, não aplicar. Nesse caso, sócios e colaboradores acabam tendo uma ideia diferente do que é a empresa. Cada um pensa na empresa de um modo diferente, a partir de seu ponto de vista dentro e fora da empresa.
A PARÁBOLA DO ELEFANTE E DOS HOMENS CEGOS
Essa é uma história bem conhecida que ressoa em uma cultura onde a falta de uma imagem macro de como funcionam as coisas, pode gerar muitas ideias diferentes.
A princípio, a história se originou na Índia e foi usada nos contextos jainista, budista, hindu e sufi. A versão mais comum no Ocidente vem do livro infantil de Lillian Quigley sobre seis homens cegos que visitam o palácio do rajá e encontram um elefante. Inclusive, ela é lida até mesmo nas séries primárias da escola. Aliás, lembro-me que foi na escola a primeira vez que a ouvi essa parábola.
Há muito tempo, seis velhos viviam em uma vila na Índia. Cada um nasceu cego. Contudo, os outros moradores amavam os velhos e os mantinham longe de danos. Como os cegos não podiam ver o mundo por si mesmos, tiveram que imaginar muitas de suas maravilhas. Nesse ínterim, ouviram atentamente as histórias contadas pelos viajantes para aprender o que podiam saber sobre a vida fora da vila.
Os homens ficaram muito curiosos sobre muitas das histórias que ouviram, mas a maior curiosidade era sobre elefantes. Eles foram informados de que os elefantes podiam derrubar florestas, carregar enormes cargas e assustar jovens e idosos com suas altas trombetas. Mas também sabiam que a filha do rajá montou em um elefante quando viajou no reino de seu pai. Entretanto pensavam; “como o rajá deixaria sua filha se aproximar de uma criatura tão perigosa?”
O DEBATE DOS CEGOS
Com isso, os velhos discutiam dia e noite sobre essas terríveis criaturas.
“Um elefante deve ser um gigante poderoso”, afirmou o primeiro cego. Afinal, ele ouvira histórias sobre elefantes sendo usados para derrubar florestas e construir estradas.
Simultaneamente, argumentou o segundo cego “Não, você deve estar errado”. “Um elefante deve ser gracioso e gentil a ponto de uma princesa montar nele.”
“Você está errado! Ouvi dizer que um elefante pode perfurar o coração de um homem com seu terrível chifre”, disse o terceiro cego.
“Por favor”, disse o quarto cego. “Vocês estão todos enganados. Um elefante nada mais é do que um grande tipo de vaca. Ou seja, você sabe como as pessoas exageram.”
“Tenho certeza de que um elefante é algo mágico”, disse o quinto cego. “Dessa forma, isso explicaria por que a filha do rajá pode viajar com segurança por todo o reino.”
Por fim, “Não acredito que existam elefantes”, declarou o sexto cego. “Acho que somos vítimas de uma piada cruel.”
OS CEGOS CONHECEM UM ELEFANTE
Logo os aldeões se cansaram de todos os argumentos e organizaram os homens curiosos para visitar o palácio do rajá para aprender a verdade sobre os elefantes. Então, um garoto de sua aldeia foi selecionado para guiar os cegos em sua jornada.
Então, quando os cegos chegaram ao palácio, foram recebidos por um velho amigo de sua aldeia que trabalhava como jardineiro nas dependências do palácio. O amigo deles os levou ao pátio e lá estava finalmente um elefante.
O SEGUNDO DEBATE DOS CEGOS
Os cegos deram um passo à frente para tocar a criatura que foi alvo de tantos argumentos. O primeiro cego estendeu a mão e tocou o lado do enorme animal.
“Um elefante é liso e sólido como uma parede!” ele declarou. “Deve ser muito poderoso.”
O segundo cego colocou a mão na tromba do elefante. “Um elefante é como uma cobra gigante”, ele anunciou.
O terceiro cego sentiu a presa pontuda do elefante. “Eu estava certo”, ele decidiu. “Esta criatura é tão afiada e mortal como uma lança.”
O quarto cego tocou uma das quatro pernas do elefante. “O que temos aqui”, disse ele, “é uma vaca extremamente grande”.
O quinto cego sentiu a orelha gigante do elefante. “Acredito que um elefante é como um tapete mágico que possa voar sobre montanhas e copas das árvores”, disse ele.
O sexto cego deu um puxão na cauda grossa do elefante. “Ora, isso não passa de um pedaço de corda velha. Perigoso, de fato”, zombou.
O TERCEIRO DEBATE DOS CEGOS
O jardineiro levou seus amigos à sombra de uma árvore. “Sentem-se aqui e descansem para a longa jornada de volta para casa”, disse ele. “Vou lhe trazer um pouco de água para beber.” Enquanto esperavam, os seis cegos conversaram sobre o elefante.
“Um elefante é como uma parede”, disse o primeiro cego. “Certamente podemos finalmente concordar com isso.”
“Uma parede? Um elefante é uma cobra gigante!” respondeu o segundo cego.
“É uma lança, eu lhe digo”, insistiu o terceiro cego.
“Tenho certeza de que é uma vaca gigante”, disse o quarto cego.
“Tapete mágico. Não há dúvida”, disse o quinto cego.
“Você não vê?” pediu o sexto cego. “Alguém usou uma corda para nos enganar.”
Sua discussão continuou e seus gritos ficaram cada vez mais altos.
“Parede!” “Serpente!” “Lança!” “Vaca!” “Tapete!” “Corda!”
“Parem de gritar!” chamou uma voz muito zangada.
A EXPLICAÇÃO DO RAJÁ
Era o rajá, despertado de sua soneca pela discussão barulhenta.
“Como cada um de vocês pode ter tanta certeza de que está certo?” perguntou o governante. Os seis cegos consideraram a questão. E então, sabendo que o rajá era um homem muito sábio, eles decidiram não dizer nada.
“O elefante é um animal muito grande”, disse o rajá gentilmente. “Cada homem tocou apenas uma parte. Talvez, se você juntar as partes, verá a verdade. Agora, deixe-me terminar minha soneca em paz.”
Quando o amigo voltou ao jardim com a água fria, os seis homens descansaram em silêncio na sombra, pensando nos conselhos do rajá. “Ele está certo”, disse o primeiro cego. “Para aprender a verdade, precisamos juntar todas as partes. Vamos discutir isso na jornada para casa”.
Em suma, a moral da história, trazida para a inovação nos negócios, é que a ideia de negócio de muitas empresas é tão grande e tão complexa que a impossibilidade de enxergar o negócio de forma mais simples e sistêmica, faz com que sócios e colaboradores tenham uma experiência parecida como a dos cegos.
PLANO DE NEGÓCIO
Um Plano de Negócio por exemplo, (também conhecido como Business Plan) é o método mais tradicional usado há dezenas de anos para explicar como funcionam as empresas. Normalmente, é um arquivo em Word/PDF com pouca aplicabilidade, que descreve extensamente todas as áreas do negócio.
Tipicamente, a pesquisa envolvida na elaboração desses documentos é cara e demorada, sendo que planos de negócios servirão apenas para serem avaliados por bancas por incubadoras, investidores e algumas instituições de fomento.
Um último ponto a se notar é que os Planos de Negócios são feitos a partir da ideia de negócio, muitas vezes associadas apenas às capacidades técnicas do empreendedor.
IDEIA DE NEGÓCIO X PARÁBOLA DO ELEFANTE
A princípio, para evitar o desastre do fenômeno apresentado na parábola do elefante com os cegos, seria importantíssimo que cada de empresário tivesse a capacidade de visualizar o funcionamento de seu negócio numa única folha ou num único quadro. É praticamente impossível inovar em algo que você não conhece por completo. Você precisa enxergar a empresa de forma simples, sem ter que folhear dezenas ou centenas de páginas. Felizmente isso é possível. Você pode visualizar seu modelo de negócio num único quadro.
A FERRAMENTA QUE SALVOU O MODELO DE NEGÓCIO GOOGLE
Qual é a primeira coisa que vem à mente quando você ouve falar de um negócio de sucesso? Na minha opinião, é o Google. Mas, eles tiveram seu quinhão de falhas. O Google estava inicialmente lutando para gerar receita com a venda de seu algoritmo de busca.
Finalmente, em 2003, eles lançaram o Adwords, uma plataforma de publicidade para empresas. Nesse sentido, essa mudança no modelo de negócios os impulsionou a se tornarem líderes no mercado de pesquisa e estar em no topo por mais de duas décadas.
A FERRAMENTA QUE ESTÁ SALVANDO MILHARES DE NEGÓCIOS NESSA PANDEMIA
Também conhecido como Canvas do modelo de negócio, ou Business Model, é uma ferramenta nova desenvolvida pelo consultor Alexander Osterwalder em 2008. Ela foi criada de maneira colaborativa com mais de 400 empreendedores. Seu objetivo é criar uma maneira visualmente simples para que se entenda o funcionamento de negócio e alinhe-se as expectativas de todos os envolvidos.
Alexander conseguiu reunir as principais informações de um negócio em uma única folha. É como se colocasse todo o elefante em um único quadro. A tese dele fez tanto sucesso, que sua forma de representar o modelo de negócio é utilizada em todo o mundo.
O QUE É CANVAS?
Dessa forma, traduzido de maneira aproximada, o termo técnico “tela do modelo de negócios” significa que você pode apresentar claramente sua ideia de negócio em um pedaço de papel. Isso permite que você visualize seu modelo de negócio, detecte fraquezas e teste se ele pode funcionar.
Além disso, é uma ferramenta dinâmica, para visualizar em nove blocos, o modelo de negócio de uma Empresa, fornecendo uma visão bastante coerente dos principais motivadores de um negócio.
O nome “Canvas” significa “quadro”, simplesmente para representar que todo o seu negócio pode ser visualizado em um único quadro, em uma folha.
Em síntese, essa maravilhosa ferramenta descreve a lógica de como uma empresa deve funcionar: Criando valor, mostrando o porquê ela existe, qual seu diferencial, a solução para um problema. Depois, como você entrega isso ao mercado e aos seus consumidores. E, por fim, como e quando você irá receber pelo valor entregue.
Nesse sentido, ele foi pensado conforme uma lógico. Assim como nosso cérebro, cujo lado esquerdo é responsável pela parte racional, e o lado direito é pela parte emocional, com o Canvas funciona da mesma forma. No lado esquerdo, está a parte racional do quadro e no lado direito, a parte emocional.
AS VANTAGENS
Já vimos até, aqui que o Canvas é muito popular entre empreendedores e intraempreendedores para inovação do modelo de negócios.
Muitos empreendedores têm uma grande ideia, mas enfrentam dificuldades para estruturá-la de forma organizada. Por isso, o business model canvas pode ser uma ferramenta muito útil. Mas é importante destacar as vantagens que podemos aproveitar com essa ferramenta:
1º Foco
Primeiramente, retirando mais de 40 páginas de ‘coisas não práticas’ em um plano de negócios tradicional, eu vi muitos de nossos clientes, melhorarem sua clareza e foco no que está realmente impulsionando o negócio (e o que não é essencial e está atrapalhando). Com o Canvas, você sempre tem uma visão geral do que realmente é seu modelo de negócios. Inclusive, ele também mostra quais atividades não são tão importantes ou mesmo atrapalham a meta. Como o Canvas aprimora sua visão do essencial, você pode melhorar ainda mais seu modelo de negócios.
2º Flexibilidade
Além disso, é muito mais fácil ajustar o modelo e tentar coisas novas (de uma perspectiva de planejamento) com algo que está sendo visualizado facilmente em uma única página.
3º Transparência
Do mesmo modo, sua equipe terá muito mais facilidade para entender seu modelo de negócios e será muito mais provável que adote sua visão quando ela for apresentada em uma única página.
4º Base para brainstorming
Aliás, o Canvas é perfeito como uma base para deixar seus pensamentos fluírem livremente. Você também pode testar modelos alternativos para sua ideia de negócio e encontrar novas possibilidades de combinação.
5º Apresentação estruturada
O Canvas traz sua ideia de negócio em uma forma estruturada e clara. Isso tem a vantagem de que outras pessoas podem entender e discutir rapidamente seu modelo de negócios. Por isso, o Canvas oferece uma visão geral de sua ideia de negócio de todas as perspectivas. Assim, por exemplo, na área de controladoria, o departamento de estratégia ou gestão recebe rapidamente exatamente as informações que são importantes para eles.
6º Base
Finalmente, o Canvas não pode substituir um plano de negócios detalhado para sua ideia. Mas se você apresentar seu modelo de negócios em um Canvas, terá uma boa base da estrutura para seu plano de negócios.
SEU MODELO DE NEGÓCIOS ATUAL PODE FAZER SUCESSO OU QUEBRAR SUA EMPRESA.
Pergunte a qualquer pessoa que tenha uma ideia de negócio e o primeiro conselho que recebe é “escreva um plano de negócio”. Igualmente, uma postura comumente adotada por empresários iniciantes.
No entanto, os desenvolvimentos na economia global, bem como os avanços tecnológicos, tornaram o “plano de negócios” obsoleto.
No mundo implacável das startups por exemplo, você não quer ficar desatualizado ou se preparar para o fracasso.
Nas palavras de Alexander Osterwalder, o criador Canvas, “Planos de negócios longos costumam aumentar o risco de fracasso”.
Portanto, o canvas agora é o padrão usado não apenas por startups, mas também por empresas como Microsoft, GE, Mastercard. O objetivo é olhar além de planilhas, pesquisas de mercado e projeções financeiras. Com isso, é interessante notar que embora o foco principal do Canvas seja estabelecer a base do seu modelo de negócios, ele também ajuda a aprimorar o seu negócio à medida que ele evolui.
Finalmente, se você deseja ter uma empresa de sucesso, precisa de algo poderoso como o Canvas do modelo de negócios. A questão é como usar essa tremenda ferramenta para obter os resultados desejados.
Assunto do nosso próximo artigo…
A seguir, a ferramenta que está salvando milhares de negócios nessa pandemia – parte 2
