A frase do título foi talvez uma das mais faladas nos últimos dias. De fato, muito se especulou, partidos foram tomados, cada um com seu posicionamento (ou veredito) consolidado. No entanto, duas coisas são inegáveis: 1) alguém terá problemas e 2) todos nós podemos tirar uma lição disso. Vamos aqui focar na 2ª certeza. Na sua opinião, qual lição podemos tirar disso? Para responder a essa pergunta, vamos primeiro analisar o contexto do jogador.
O (não mais) Menino Ney é, indiscutivelmente, um excelente jogador – para muitos um dos melhores da atualidade. Não há dúvidas sobre suas habilidades técnicas, mas e suas habilidades socioemocionais? Será que ele as possui? Se sim, será que elas podem ser potencializadas?
Todos sabemos que o problema do Neymar não é sua competência em campo, mas sua dificuldade em gerenciar seu comportamento dentro e fora dele. As competências técnicas (cognitivas) são importantes, mas sozinhas não poderão levar uma pessoa ao sucesso pleno – em todas as áreas da vida. Não é a toa que as empresas contratam pessoas pelo seu currículo, mas acabam demitindo por causa de seus comportamentos.
Isso é tão real que basta dar uma estudada na história dos maiores gênios da humanidade para comprovar que apenas competências cognitivas não são suficientes para ter sucesso com qualidade de vida. Muitos tiveram vidas medíocres, embora tivessem sido os maiores nomes dentro de sua área de atuação profissional.
Quanto ao Neymar, ele tem um domínio e controle sobre a bola que a faz parecer grudada em seus pés. Seu grande sonho, como qualquer craque do futebol é um dia ganhar o prêmio de melhor jogador de futebol do mundo. Afinal, ele é um gênio na área em que atua. O seu único problema é que parece não possuir o domínio de suas emoções como tem da bola. Seus comportamentos fazem dele um profissional odiado por adversários, jornalistas, árbitros, torcedores e até colegas do próprio time. Ele conhece tudo sobre seu ofício, mas, baseando-se pelo seu comportamento, aparenta saber pouco sobre si mesmo.
Inclusive, o problema do jogador com o gerenciamento de suas habilidades socioemocionais não é de hoje. Isso é percebido desde quando o Ney era “Menino”.
Em 2010, o então treinador do Atlético-GO, Renê Simões, fez declarações incisivas sobre o jovem atacante, que naquela ocasião jogava pelo Santos. Neymar descumpriu as ordens de seu treinador, Dorival Júnior, e Renê disparou: “Poucas vezes vi alguém tão mal-educado desportivamente. Sempre trabalhei com jovens e nunca vi nada assim. Está na hora de alguém educar esse rapaz, ou vamos criar um monstro. Estamos criando um monstro no futebol brasileiro”.
Por conta disso, Renê Simões se manifestou recentemente em seu perfil no LinkedIn: “Toda vez que acontece alguma coisa com o Neymar, eu recebo muitas chamadas da mídia do mundo todo. Esses dias recebi da França e eles perguntaram se eu estava feliz pelo que o Neymar havia feito, porque minhas palavras foram proféticas”. Pois é, muitos agora consideram que Renê sempre esteve certo sobre Neymar.
Ainda assim, o atleta permaneceu crescendo e se destacando profissionalmente. No ano de 2018, todos os programas esportivos apostavam que ele seria um dos três melhores jogadores do mundo na escolha anual da Fifa. No entanto, para a surpresa de todos, não ficou nem entre os 10 melhores. Essa humilhação virou tema de todos os programas esportivos. De fato, pelo que joga, merecia esse reconhecimento, porém a falta de domínio sobre si mesmo prejudicou sua carreira.
Veja o que acontece com um gênio, quando ele não sabe nada sobre si mesmo. No mesmo ano, em um jogo entre o Paris Saint Germain e Dijon, Neymar estava jogando muito e seu time estava massacrando o adversário com uma goleada de 7 a 0. Até que houve um pênalti a favor do Paris Saint Germain. Havia um rodízio para bater pênalti entre Neymar e o artilheiro do time, o uruguaio Cavani. Cavani estava a apenas um gol para se tornar o maior goleador da história do clube, mas segundo as regras do rodízio, era a vez de Neymar. Ele então pegou a bola na mão e caminhou em direção a marca do pênalti enquanto a torcida gritava desesperadamente o nome de Cavani.
Neymar, com cara de poucos amigos, ignora o pedido da torcida enquanto bate o pênalti fazendo o gol sem comemorar. Sob vaias da torcida e um incomum clima desagradável recebe os cumprimentos dos colegas e do próprio Cavani. Ao final do jogo, apesar de ter sido o melhor jogador em campo, Neymar consegue o feito de sair vaiado impiedosamente pela torcida. Como é possível alguém ser o melhor jogador em campo e ser vaiado pela torcida? Eu nunca vi isso acontecer.
Já em 2019, o atacante se envolveu em uma nova polêmica na França ao acertar um soco na cara de um torcedor do Rennes depois da derrota do PSG, no final da Copa da França.
E, nos últimos dias, a história se repetiu. Muitas conversas foram iniciadas com as seguintes palavras: “E o Neymar, hein?”. A verdade é que sequer podemos saber até o momento se ele é culpado ou vítima da atual polêmica que ele protagoniza com a modelo Najila Trindade.
No entanto, em razão de sua importância, a mídia não deixou por menos e explorou o assunto intensamente, muitas vezes julgando-o culpado e o acusando de várias coisas em razão de seu histórico polêmico e não exatamente pela análise crítica do que ocorreu.
Perceba que o jogador tem figurado nos noticiários não pela sua enorme habilidade técnica, mas sim pela falta de habilidades socioemocionais, como: controle dos impulsos, tolerância, autoconhecimento, resistência às frustrações e empatia.
Neymar tem um tipo de perfil comportamental que chamamos de Executor. Pessoas com esse perfil possuem qualidades incríveis, mas há alguns pontos que precisam ser desenvolvidos. E a única forma de corrigir falhas de uma máquina é conhecendo e estudando a máquina, certo?
Somos a máquina mais incrível do mundo. E, como qualquer outra, eventualmente algumas falhas precisarão ser reparadas. Para isso, precisamos conhecer bem essa máquina e dominar seus recursos, acessórios, funções e fragilidades. Somente assim poderemos utilizá-la a nosso favor e da melhor forma possível! Eis aí a importância do autoconhecimento e de se investir também em sua vida pessoal para se obter uma realização plena.
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Clailton Luiz e
João Lucas Cortez.