Vamos encarar a realidade: uma pessoa empreendedora inicia um negócio para ter autonomia e liberdade de ação, buscando ótimos resultados, porém pouco tempo depois todo o otimismo e a ambição vão diminuindo. Nesse artigo, mostraremos uma das razões pelas quais isso acontece e uma forma simples de resolver.
A verdade é que o próprio empresário tende a criar correntes que irão lhe aprisionar e sentenciar a perda da qualidade de vida. Opta pelo stress e pela falta de tempo, onde tudo é urgente e não sobra tempo para nada, nem para viver direito, trabalha muito e faz de tudo um pouco na empresa, de decisões estratégicas a rotinas operacionais, e a empresa passa a ser um fardo que precisa ser enfrentado, como uma “luta” diária… e com uma conta muito alta a ser pago.
O nome desse culpado é “centralização de comando“, quando tudo e todos na empresa precisam ter seu aval para funcionar, e com o risco de tudo parar ou não ser feito direito se não tiver a ação validadora do “dono”…
Delegar a responsabilidade sobre tarefas e atividades dentro de uma empresa é primordial para que o empreendedor ganhe liberdade, tempo. qualidade de vida e, até mesmo, independência – para ser também dono de sua vida, e não só da empresa, sem ter que estar sempre presente para que ela funcione.
É preciso aprender e praticar o delegar, sem “delargar”, caso contrário, seus problemas serão ainda maiores.
O irônico termo “delargar” representa a delegação mal feita por parte do líder que, em vez de explicar o que ele espera da tarefa, orientar como realizá-la e o prazo de cumprimento, ele apenas “larga” a tarefa na mão do funcionário e diz que precisa ser feito. Ou seja, deixa que o colaborador gaste tempo tentando descobrir a importância da tarefa e a melhor forma de ser feita. E, como resultado, a tarefa acaba sendo procrastinada ou mal executada.
Quando o patrão “delarga” uma tarefa (que ele deveria orientar por meio de processos documentados, com um passo a passo bem definido), e o funcionário acaba descobrindo por si só, como realizá-la em razão da falta de suporte e apoio do seu líder, ele acaba se achando o responsável pela solução do problema.
A ação de delargar (que me perdoem os aficionados da gramática) é repassar a responsabilidade pela execução de uma tarefa para alguém que não possui experiência ou conhecimento suficiente para tal afazer e aguardar um bom resultado entregue logo depois. Os delargadores acreditam realmente que delegar é simplesmente distribuir responsabilidades, pouco importando tudo mais que precisa para que sejam obtidos bons resultados.
Para delegar da maneira correta é fundamentalmente necessário que o líder compreenda que ele precisa reservar tempo ao liderado para treiná-lo, acompanhá-lo enquanto aprende as novas funções e pelo tempo em que ainda não estiver seguro para realizar sozinho. É preciso estar disponível para que as pessoas tenham a liberdade de fazer as perguntas que evitarão erros básicos mais adiante.
O processo de delegar precisa ser entendido e percebido por todos como uma estratégia para liberar mais tempo ao líder, e que também seja uma forma de promover o amadurecimento e empoderamento da equipe de trabalho.
Fazer a delegação com empoderamento é agregar valor a alguém cujo cargo passa a somar responsabilidades que proporcionarão seu desenvolvimento profissional e pessoal, com novas atribuições que ampliam os limites desse colaborador, viabilizando também futuras oportunidades desse dentro da empresa, sem ter que necessariamente mudar de cargo em pouco tempo, habilitando-se gradualmente para novas funções.
É preciso também a percepção e consciência de que a delegação de uma tarefa não exclui o líder da corresponsabilidade ao liderado, mas a responsabilidade maior pelo resultado da tarefa será do líder, que deve preparar e acompanhar o colaborador, até que esse domine a função.
O líder que se frustra ao delegar tarefas, volta a centralizar as demandas, por acreditar que seus liderados são incapazes de assumirem novas responsabilidades, é porque não soube conduzir este processo corretamente. É um delargador convicto, que acredita que ele deve fazer tudo sozinho (“o exército de um homem só”) e pensa coisas como: “é mais fácil fazer do que ensinar”, “quem quer faz, quem não quer manda”, “se quiser bem feito, faça você mesmo”. Ele apenas está mostrando para todos que, como gestor, é um ótimo executor…
Aliás, se a sua empresa vira um caos quando você se ausenta, você precisa ler isso.
Para a empresa, e empresário, evoluírem e desenvolverem-se, é preciso delegar com método, critério e responsabilidade, tendo em vista que a quem será delegado deverá ser treinado e trabalhado nas questões e aspectos específicos da nova atividade.
E como argumento final sobre a vantagem de delegar, calcule quanto custa a SUA hora trabalhada. Faça o cálculo de seu pró-labore dividido pelo número de horas trabalhadas (ou melhor, se fosse numa rotina normal de 6-8 horas diárias) e compare com a remuneração de alguém assalariado e treinado para fazer as tarefas operacionais ou mesmo administrativas que podem ser delegadas… e depois de comparar, perceba que seu tempo é muito valioso para ser desperdiçado com tarefas menos estratégicas para aumentar os resultados do seu negócio.
Um processo de gestão bem implantado, com um organograma que define autonomias e responsabilidades, onde cada “caixinha” tem um profissional treinado e capaz de realizar o que lhe é solicitado, com um POP (Procedimento Operacional Padronizado, uma espécie de manual para cada função, em detalhes de procedimentos), possibilita ao empreendedor definir metas e objetivos, ficando na gestão estratégica e com tempo para melhor se qualificar, gerar novos negócios e parcerias, enfim, trabalhar PARA a empresa e não NA empresa.
Comece a fazer isso, encoraje sua equipe, transfira a eles autonomia para resolver problemas e supervisione sua evolução, entregando-lhe um feedback eficaz. Esse é um dos principais caminhos para aumentar seus resultados e liberar mais tempo de qualidade para você. Assim você terá controle sobre sua empresa e se verá livre da velha forma de administrar funcionários.
Mas o que é “delegar”?
Delegar é o processo que faz a gestão ser possível, porque gestão nada mais é do que o processo de obter resultados através das outras pessoas. É ser capaz de “fazer” (e fazer bem feito!) com o envolvimento de outras pessoas.
Segundo o General Patton, líder de forças militares norte-americanas na 2ª grande guerra, “não deveríamos dizer às pessoas como fazer as coisas. Deveríamos apenas dizer o que tem que ser feito e nos deixar surpreender pelos seus resultados”. No entanto, nem sempre essa será a melhor alternativa, uma vez que, ao menos em um primeiro momento, o liderado precisa compreender o padrão de realização da tarefa para, então, surpreender seu líder com um resultado melhor que o esperado.
Mas para facilitar um pouco, orientamos recordar Peter Drucker que nos desafiava a responder três perguntas simples, vitais e objetivas na gestão de pessoas:
1) O que estou fazendo e não precisa ser feito?
2) O que estou fazendo e poderia ser feito por outra pessoa?
3) O que estou fazendo e só eu mesmo posso fazer?
É evidente que só as atividades do segundo grupo poderão ser “delegadas”.
Agora, sabendo da diferença entre delargar e delegar, fica mais fácil para o empreendedor libertar-se das correntes da centralização e partir para uma forma mais moderna, ágil e eficiente de administrar o seu negócio – e bem mais gratificante, em todos os aspectos. O nosso desafio aqui é: coloque em prática a delegação eficaz imediatamente e mensure os resultados. Caso precise de um profissional para lhe auxiliar, entre em contato conosco ou com um de nossos licenciados.
Pedro H. Boll.
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